Estar no momento de comemoração dos 200 anos da Taquigrafia Constituinte no Brasil é motivo de orgulho para os atuais profissionais do registro rápido brasileiro. A Taquigrafia presente nos diferentes ambientes públicos — locais que também são testemunhas dos eventos nacionais e protagonistas de decisões históricas de uma cidade, de um estado e do país — é instrumento de validação e publicidade do dia a dia da sociedade civil.
Rondônia é um dos mais novos estados brasileiros, fundado em 04 de janeiro de 1982. A implantação do Poder Legislativo estadual aconteceu em 1983, quando se iniciou também os trabalhos da Divisão de Taquigrafia, que contava então com seis profissionais.
Em 1986, aconteceu o primeiro concurso público da Assembleia — no qual foram contempladas vagas para o cargo de taquígrafo —, e parte da equipe formada era constituída de servidores que iniciaram em 1983. Algumas dessas taquígrafas ainda permaneceram no cargo até o início de 2020.
Do ingresso em 1983 e do concurso em 1986, o nível de escolaridade exigido do taquígrafo era o nível médio. E assim permaneceu por muitos anos. Só após muitas lutas das próprias taquígrafas — que, em sua maioria, já haviam conquistado o nível superior — é que essa realidade mudou.
Em 2018, a ALERO realizou novo concurso público, 32 anos após o primeiro, com exigência de nível superior, desta vez com 8 vagas para o cargo de taquígrafo, número pequeno dado o quantitativo de deputados e o volume de trabalho que a Divisão realiza. Segundo relato da ex-chefe da Divisão de Taquigrafia, Rosângela Almeida (in memorian), na construção do projeto do concurso, foi solicitada abertura de um número maior de vagas para taquígrafos. No entanto, depois de todas as revisões pela qual o projeto passou, apenas oito vagas foram criadas.
A primeira nomeação dos aprovados no concurso de 2018 aconteceu em maio de 2019. Naquele momento, a Divisão de Taquigrafia contava com oito taquígrafas e com o apoio de uma servidora comissionada não taquígrafa.
Novas nomeações ocorreram ainda no ano de 2019, e mais outras no ano de 2020. Nesse intervalo, algumas aposentadorias se efetivaram, e o quadro começou a ser reposto devido às nomeações.
Novas nomeações ocorreram no ano de 2022, e atualmente a Divisão conta com uma equipe de sete taquígrafos, uma servidora técnica, além de três estagiários e uma servidora comissionada. Mas, de acordo com relatos de ex-servidores e servidores mais antigos, a Divisão de Taquigrafia já chegou a contar com 16 taquígrafos e que o número ideal de taquígrafos seria pelo menos 12.
Um dos fatores que causaram a defasagem do número de taquígrafos ao longo dos anos na ALERO foi a jornada de trabalho exaustiva com uma carga horária irregular. Como contava a ex-chefe Rosângela Almeida, “Nunca se sabe quando será convocado para trabalhar. Às vezes, você acaba de chegar em casa, ou nem chegou ainda, já te ligam mandando voltar, que foi convocada Sessão Extraordinária.”
Ainda segundo Rosângela, essa “correria” era comum e por isso muitos servidores acabavam pedindo transferência para outros setores e não queriam voltar.
Do apanhamento taquigráfico nas Sessões da Assembleia até o envio da Ata para a publicação no Diário Oficial, os taquígrafos são responsáveis por um minucioso trabalho de publicidade e compromisso com a verdade.
No aspecto operacional, muitas coisas permaneceram e outras passaram por mudanças, pelo avanço e inclusão de novas tecnologias e metodologias visando facilitar o trabalho do taquígrafo. Os primeiros servidores, além dos bloquinhos de papel utilizados até hoje, contavam com gravações feitas em fitas cassetes. As transcrições eram feitas em máquinas datilográficas. Posteriormente, as máquinas foram substituídas pelos computadores e, mais tarde, as fitas cassetes foram trocadas por gravadores de voz.
Hoje, o áudio usado pela Taquigrafia no apoio às transcrições é feito pelo setor responsável pela gravação e transmissão das Sessões e reuniões da ALERO e compartilhados pelo sistema interno da Casa entre setores. No entanto, os gravadores permanecem como um suporte caso haja alguma falha com a gravação oficial ou no sistema.
Outro ponto que permanece é o sistema de rodízio dos taquígrafos durante as Sessões, o controle do tempo de apanhamento taquigráfico e o fato de cada taquígrafo ser responsável pela tradução, transcrição e revisão da parte que lhe cabe, ficando a revisão final, de todas as partes, sob a responsabilidade de um taquígrafo que faz o papel de revisor.
A Taquigrafia da Assembleia Legislativa de Rondônia foi homenageada em três ocasiões, pelo dia do taquígrafo. Em 2003, ocasião que foi matéria em alguns jornais da cidade de Porto velho; em 2016, em Sessão Solene com entrega de Voto de Louvor aos taquígrafos; e em 2022, também com a realização de Sessão Solene e entrega de Voto de Louvor.
Apesar de todas as dificuldades e desafios, a Taquigrafia da Assembleia Legislativa do Estado de Rondônia segue fiel ao seu propósito, com muita responsabilidade e eficiência. Mantendo o legado daqueles que iniciaram essa árdua e honrada missão em 1983 e lutando por ainda mais reconhecimento e valorização.