Como se sabe, o que hoje é a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro já foi o Congresso Nacional, quando, em outros tempos, a Cidade do Rio de Janeiro era a Capital Federal. Daí que o Departamento de Taquigrafia carioca é um dos mais antigos de nosso país – tendo primeiramente ocupado a Casa da Câmara e Cadeia Velha. Posteriormente passou a ocupar o extinto Palácio Monroe e, após, o prédio da atual Biblioteca Nacional.
A partir de 1926, transferiu-se para o famoso Palácio Tiradentes, primeiro prédio nacional construído especificamente para a função de sede de uma Casa Legislativa.
Assim, de 1926 a 2020 – 95 anos portanto – a Departamento de Taquigrafia ocupou o mesmo espaço, tendo sido responsável pelo registro histórico parlamentar de boa parte da vida republicana nacional.
Hoje ocupamos um novo prédio, o Edifício Lucio Costa, mais moderno, carinhosamente chamado de Alerjão, no Centro da Cidade do Rio de Janeiro. Entretanto, como o prédio não foi projetado para ser a sede de um parlamento, enfrentamos algumas dificuldades de locomoção que, esperamos, serão contornadas brevemente.
Voltando a nossa nobre atividade, o registro das manifestações parlamentares e políticas em torno de episódios marcantes de nossa história só foram possíveis porque havia um grupo de abnegados, mestres do ofício, trabalhadores incansáveis, pessoas talentosas e determinadas, que – com afinco e denodo, numa época sem as facilidades tecnológicas que temos hoje – debruçaram-se sobre suas bancadas, registrando fielmente a vida em nosso Parlamento.
Verba volant, scripta manent, e, assim somente o que foi registrado pelas penas das Taquigrafias ficou para se contado, pensado e repensado através dos tempos.
Desde o ano de 1985 – quase 40 anos, portanto – somente através de concurso público ingressa-se no Departamento de taquigrafia da Alerj e, desde então, já ocorreram quatro pleitos, o que consideramos muito pouco. Embora ainda haja remanescentes daquele primeiro concurso atuando no setor, lenta e gradualmente o departamento vai ficando envelhecido e dependendo cada vez mais da tecnologia para exercer suas funções.
Tendo contado no passado com quase 60 funcionários, hoje o setor conta com aproximadamente 22 pessoas, entre administradores, taquígrafas, revisores – quase todos (à exceção de um dos revisores), taquígrafos de formação – e necessita urgentemente de uma renovação em seus quadros.
A assembleia legislativa do Rio de Janeiro foi a pioneira no país na disponibilização online imediata de suas sessões. Desde 1997, tudo o que acontece no plenário fica disponível na internet para a população em no máximo duas horas, primando pela transparência da atividade parlamentar. Ainda hoje, a duras penas – com muito amor à função e comprometimento com o Serviço Público – lutamos para manter a qualidade dos serviços e não viramos as costas para novas tecnologias e ferramentas que auxiliem a função.
Assim, respeitando o passado, mas de olhos abertos para o futuro, continuamos caminhando, abraçados à tradição da nossa função milenar e à modernidade, para sermos uma peça que auxilie a Taquigrafia a continuar seu lindo trabalho, como Diógenes, carregando uma luz que, no decorrer da história, iluminará a vida parlamentar e servirá de farol para os que desejem conhecer os tempos passados e as atividades das casas legislativas e jurídicas de nosso país.
Saudações a todas as taquígrafas e taquígrafos de nosso país! Parabéns para todos nós!
Marcelo Ramos
Taquígrafo-Revisor
Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro